Breve História das Mules
O termo «mules» designa um tipo de sapato aberto na parte de trás e usualmente fechado na parte da frente.
A existência desta tipologia de sapato remonta à Antiga Roma, onde era reservada aos três mais altos magistrados do Império, usada em vermelho ou púrpura. A palavra atual é oriunda do antigo vocábulo «muleus calceus». Após este período e até ao século XVII, as mules ficaram confinadas ao ambiente íntimo do quarto de dormir.
No retrato de Charles Le Brun feito em 1686 pelo pintor francês Nicolas de Largillière mostra Le Brun a usar mules, o que prova que são usadas desde pelo menos, finais do século XVII pelas classes sociais altas, como igualmente foram usadas por homens. Assim, uma peça de calçado intimista, passou a ser exibida em público no espaço exterior. Não se sabe, no entanto, quando é que os homens deixaram definitivamente de calçar mules.
Todavia, é comum atribuir-se a generalização do seu uso a Maria Antonieta e Madame de Pompadour. Esta surge com umas mules de salto, fechadas com elementos decorativos numa pintura feita pelo pintor barroco François Boucher em 1756. O mesmo tipo de mules surge na pintura Os Acidentes Felizes do Baloiço (1767), de Jean Honoré Fragonard que representa uma jovem num baloiço.
Na centúria de Oitocentos, a perceção em relação a esta peça de calçado muda, graças à obra Olympia (1863) de Édouard Manet que retrata uma mulher nua (Olympia), deitada numa cama enquanto uma outra lhe traz flores. A obra que causara choque ao público coevo, não tanto pela nudez da mulher representada, mas por alguns objetos que ela apresenta nomeadamente uma orquídea nos seus cabelos, uma pulseira, brincos de pérola, uma fita preta em volta do pescoço e sobretudo, umas mules. No contexto intimista em que a personagem se insere, estes objetos conferem-lhe uma voluptuosidade tentadora e imoral. Sendo Olympia, a representação de uma prostituta de classe alta, as mules passaram a ser consideradas como calçado de prostitutas.
Será a partir da segunda metade do século XX que este calçado voltou a estar na moda através da atriz Marilyn Monroe que as popularizou. Deixaram de estar associadas a condutas sociais reprováveis e imorais, mas antes a requinte, elegância e sensualidade feminina, por dois motivos. Primeiro, o salto na parte de trás da sola, neste ou noutro tipo de sapato, torna a mulher mais alta e altera a sua postura, na medida em que o corpo é projetado para a frente. Assim, esta transformação na maneira de andar confere uma postura mais dominante e proeminente à mulher. Por outro lado, sendo uma peça de calçado, em que não é necessário usar-se meias, como é aberto atrás, permite ver a nudez do pé desde o calcanhar até ao tornozelo, bem como os dedos dos pés, se forem abertas à frente.
É preciso não esquecer que estes dois aspetos importantes na evolução do calçado, os saltos altos e a visibilidade da nudez dos pés femininos, que hoje em dia são triviais e já estão instituídos, revolucionaram os hábitos e os comportamentos.
Atualmente podem-se encontrar mules com saltos médios ou altos ou rasas em várias cores e materiais, com ou sem elementos decorativos.
Foi e continua a ser uma tipologia de calçado muito comum entre o publico feminino, mas em 2019, a GRIFFINS SHOES foi a primeira marca de calçado a transformar as mules numa peça de calçado unissexo de luxo, perfeitamente usável pelo género masculino. Com um estilo sofisticado é a peça que promete ser a vanguarda do futuro no calçado!