Os saltos altos pertencem aos homens!

Os saltos altos pertencem aos homens!

Os saltos altos são inquestionavelmente um dos símbolos mais representativos da feminilidade. E é espantoso pensar que a origem do salto alto esteve ligada a atividades exclusivamente masculinas e ao calçado masculino. As primeiras referências aos saltos altos surgem no Antigo Egipto. Na Grécia Antiga, os atores principais distinguiam-se dos atores secundários pelas plataformas dos seus sapatos.

Mas qual é a relação entre a invenção dos estribos e a invenção dos saltos altos?

Não existem certezas a que povo se atribui o invento dos estribos, se aos Sármatas ou se aos Citas, povos do grupo étnico-linguístico iraniano que habitavam na Ásia Central e no atual Irão. No entanto, no século VIII os estribos já se haviam difundido por toda a Europa.

É certo que nas zonas frias da Ásia e da Pérsia, por volta do século X, os cavaleiros adaptaram as botas aos estribos, através dos saltos, de modo a conseguir estabilidade. Porque um solado com um salto, podia fixar de modo mais seguro, o pé do cavaleiro ao estribo. Assim, conseguiram ficar com as mãos livres para poder manejar armas. Por isso que os saltos estiveram associados à cavalaria de guerra e às botas masculinas.

Para além desta função, no período medieval, voltaram a ser usados sapatos com plataformas, igualmente com uma finalidade prática e não estética. O choppin, sapato com plataforma, surgiu no dealbar do século XV na atual Turquia e tornou-se popular por toda a Europa. O choppin tornava as mulheres mais altas, evitando que as túnicas não tocassem no chão e não se sujassem. Talvez por terem essa função, só as mulheres os usavam, quer fossem de estratos sociais mais elevados ou dos mais baixos da sociedade. Eram usados escondidos sob os vestidos e sua altura fazia com que a mulher que os usava necessitasse de apoio de dois criados para que pudesse caminhar em segurança.

Reconstrução de um choppin veneziano do século XVI

Mas seria Catarina de Médici (1519-1589), esposa do rei de França, Henrique II (1519-1559), que introduziu o hábito de usar saltos altos. O motivo foi a sua baixa estatura e para o seu casamento Catarina pediu ao artesão italiano Constantino Coccinelle (1502-1583) um par de sapatos com salto. Doravante, o salto alto passaria a figurar como uma peça no vestuário da nobreza francesa.

Igualmente, o rei Luís XIV (1638-1715) devido à sua baixa estatura também usava saltos altos. Aliás, nos séculos XVII e XVIII em França os saltos altos que estavam reservados à nobreza, eram usados por homens e mulheres indiferenciadamente. A altura do salto determinava o estatuto social. O vermelho era a cor usada nos saltos altos, mas estava reservada aos homens. Mesmo as rainhas não tinham o direito de usar o vermelho nos saltos. O próprio rei legislou no sentido de autorizar apenas a nobreza a usá-los.

Retrato oficial de Luis XIV de Hyacinthe Rigaud

Com a Revolução Francesa de 1789 e os princípios de igualdade social que propagou, a moda dos saltos altos perdeu vigor por estar associada à classe nobre. A partir de meados da centúria de Oitocentos passou a ser usado novamente, massificando-se completamente após a segunda metade do século XX.

A partir dos anos 60 do século XX o salto foi reintroduzido na moda masculina por grupos de rock, como David Bowie ou Black Sabbath. Nas décadas de 70 e 80 o uso de saltos altos popularizou-se graças aos vários estilos musicais como o Glam Metal e o Hair Metal de Kiss, Mötley Crue, Twisted Sister ou W.A.S.P.

A GRIFFINS é a primeira marca portuguesa de calçado exclusivamente unissexo, entendeu que os saltos não têm género. Assim, passou a usar saltos médios de 3 a 6 cms de altura em várias tipologias de calçado que podem ser usados indiferenciadamente por ambos os géneros. Os modelos são versáteis e com um design sofisticado e vanguardista.

Bibliografia:

RIBEIRO, Jorge da Silva, História do Calçado. Da Antiguidade caminhando até ao presente, São João da Madeira, Laborpress, 2010.

Créditos Fotográficos:

www.metmuseum.org

www.carnet-dhistoire.fr

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